sexta-feira, 20 de março de 2015

DCE, NOS AJUDA A TE AJUDAR!




Ontem, 19 de março, no pátio da reitoria, aconteceu a Assembleia Geral dxs Estudantes da UFPR. É importante lembrar que essa assembleia foi uma conquista dos/das estudantes, pois em nenhum momento a atual gestão do DCE ("Quem tá passando é o bonde!") abriu diálogo com os coletivos que ocupam o prédio (Antifa 16, El Quinto e Rádio Gralha) ou com os estudantes. Não queriam, nem mesmo, chamar um Conselho de Entidades de Base (CEB) para discutir as questões do prédio de estudantes com os centros acadêmicos da universidade. O CEB do último dia 03 só aconteceu por conta de um tensionamento da base em uma reunião realizada com com os coletivos. Esse CEB foi histórico, pois contou com 32 Centros Acadêmicos que votaram unanimemente contra as propostas da gestão do DCE, que estavam sendo impostas. Também por unanimidade, foi decidido que o assunto seria debatido amplamente com o movimento estudantil em uma assembleia geral.


Em meio a esse processo, o Conselho Universitário (COUN) formou uma Comissão Paritária para abrir diálogo entre a Reitoria, os estudantes e os coletivos. É interessante ressaltar que a gestão atuou diante dessa comissão sem consultar a base dos estudantes. E, mais uma vez, autoritariamente e sem debate, tentaram passar uma "revitalização" do espaço que, segundo eles, seria a única saída para manter o prédio aberto. O interessante é que essa tão chamada revitalização não passaria de uma "limpeza e pintura" [sic], segundo a Pró-reitora de Assuntos Estudantis (PRAE), Rita.

Frente a toda essa falta de diálogo, a base de estudantes – não apenas através dos Centros Acadêmicos, como o CAL, mas também independentemente e de forma conjunta com os coletivos – organizou uma festa como forma de resistência. Ou seja, não é apenas agora que o nosso prédio está sendo boicotado. O que mais nos estranha é que essa gestão, que deveria efetivamente representar os anseios da comunidade discente, fecha acordos e minutas de reforma com a Reitoria sem o aval da coletividade dos estudantes que compõem a universidade.

Voltando para os fatos ocorridos ontem em assembleia, desde o começo a gestão agiu de modo a silenciar as falas dos/as estudantes que estavam na plenária: seja interrompendo inscrições de fala ou fechando-as no meio do debate. Além disso, o projeto de reforma estrutural de todo o complexo da reitoria e da CEUC foi apresentado no início da assembleia como se ele fosse a única solução possível para se resolver os problemas que temos, o que consideramos não ser verdade. É importante também ressaltar que foi preciso ontem, enquanto estudantes, solicitar que fosse dado tempo de fala para os coletivos, algo que julgamos ser extremamente necessário, mas que não havia sido garantido desde o início. Conseguimos, a contragosto do DCE, cinco minutos de fala para cada um dos coletivos. Assim fica difícil dialogar, não é mesmo? Uma gestão que, em campanha, afirmou primar pela diversidade parece ter problemas com a pluralidade de ideias em uma plenária. Bonde, assim não tem como te defender.

O engraçado – trágico, na verdade – foi a postura da mesa na assembleia. Pensamos que era um bonde, mas na verdade mais parecia um trator! Cada fala que ia contra o posicionamento trazido pela gestão era tratorado. E quando não mais conseguiram sustentar suas manipulações, tentaram implodir o espaço se retirando da assembleia. Comportamento meio complicado para quem diz representar os/as estudantes. Contudo, os estudantes resistiram, e nem mesmo essa tentativa foi bem sucedida. Ao perceber o golpe da gestão, em coro, a plenária começou a entoar um grito de indignação: "Não! Não! Não nos representa!". Pois é, pessoal, o bonde passou!

Todavia, não foi esse o desfecho da noite de ontem. Os/as estudantes que ainda estavam presentes (113) seguiram em sessão, votando a favor da reinstalação da sessão e pela mudança de mesa. Foi dessa forma que decidimos coletivamente retirar uma comissão de negociação composta por: 1 membro de cada coletivo que ocupa o prédio; 2 membros do campus reitoria que estejam acompanhando as discussões desde o início; 1 membro da medicina – para trazer acúmulos no que se refere às negociações do DANC, outro prédio estudantil que foi tomado pela reitoria durante as férias (para uma "reforma") e até hoje segue abandonado; 1 membra da CEUC; e mais 6 presentes da plenária. Essa comissão, conforme aprovado em assembleia, trabalhará com os seguintes eixos principais: Prioridade para a CEUC, RUs, DANC e demais demandas estudantis nas reformas; caso aconteça a reforma no prédio de estudantes, que haja garantia de um local alternativo para a gestão do DCE e para a realização de festas – principal meio de autofinanciamento do movimento estudantil; contrariedade à proposta de desalojamento dos coletivos que atualmente ocupam o prédio; e retomada do calendário de festas no segundo andar até que a base estudantil aceite alguma proposta em relação ao prédio.

Outro ponto importante foi a deliberação da plenária de solicitar que a gestão do DCE entregue para a mesa que seguiu a assembleia a relatoria que estava sendo feita antes do abandono da sessão, bem como das listas de presença. Entendemos que o abandono da assembleia por parte da gestão do DCE não se configura como a primeira vez que essa voltou as costas para os estudantes. Enquanto se formava a frente de resistência do prédio e era necessário um posicionamento daqueles que dizem nos representar, a gestão deixou sua sede no prédio, demonstrando, mais uma vez, de que lado se posicionaram dentro do movimento estudantil.

É importante ressaltar que mesmo com uma assembleia esvaziada – graças ao péssimo trabalho de divulgação que o Bonde fez – tivemos forte representação de estudantes de Letras. Não só o CAL se mostrou presente como também diversos estudantes do curso não organizados institucionalmente estavam lá! No que se refere ao acompanhamento dessa questão por nossa parte, o CAL tem se posicionado de forma concisa desde 2013. Durante esse tempo houve um boicote de uma gestão do DCE à nossa festa de recepção dos calouros. De forma não surpreendente, naquela época eram os mesmos grupos que compõem a atual gestão do DCE que estavam à frente da instituição. Será coincidência? Na ocasião, a gestão do CAL ("Vem ni mim, Bahktin") lidou muito bem com a questão, defendendo o prédio – que é dos estudantes – firmemente. 

Portanto, acreditamos que não é de hoje que o CAL tem um compromisso real com as questões do movimento estudantil geral da UFPR. Nossa participação ativa é algo que vem sendo construindo coletivamente há bastante tempo e consideramos ser essa uma luta de todos/as estudantes. Por isso defendemos nosso prédio!

Dessa forma, frente a todos os fatos ocorridos até a assembleia de ontem, diante da falta de diálogo da gestão, sua ausência ao tratar de assuntos importantes para a base de estudantes, bem como os seus posicionamentos em concordância com a reitoria, repudiamos as atitudes tomadas pela gestão "Quem tá passando é o bonde!". Entendemos que o processo de eleição foi legítimo, mas cremos que essa gestão não representa os anseios dos/as estudantes. Como seremos representados por quem não nos ouve? Como vamos agir quando somos boicotados a todo momento? Como nos articularmos frente aos ataques da reitoria e do governo federal, que estão se colocando contra estudantes e trabalhadores, sendo que nossos representantes manipulam nossas propostas?

É simples: O Bonde passa, a resistência permanece!

CENTRO ACADÊMICO DE LETRAS GESTÃO 2014/2015: "O SCHWA É NEUTRO, MAS NÓS NÃO!"


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