sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Esclarecimentos pedidos

Alô, alô, beletristas! Manifestamo-nos aqui em resposta à carta que nos foi entregue durante a sessão matutina da Assembleia dos Estudantes de Letras do dias três de setembro de 2014. Apresentamos aqui o texto original da carta entregue à mesa pela discente Carolini Arcari.

Nota de Pedido de Esclarecimento à Gestão do CAL “Vem ni mim, Bakhtin”

Nós estudantes do Curso de Letras, gostaríamos de solicitar um esclarecimento e posterior posicionamento à atual gestão do CAL sobre os recentes acontecimentos em torno da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).
Tendo em vista que a privatização do HC – maior hospital público do Paraná – acarreta em consequências prejudiciais não somente para a comunidade acadêmica, senão para toda população do estado. Também frente aos recentes acontecimentos da última semana nos quais a atual gestão do CA tem se mostrado omissa, a saber:
  1. O não comparecimento da gestão do CAL na reunião dos CAs de Humanas que levaria a posição da bancada estudantil ao Conselho Setorial de Ciências Humanas. Sabendo que o posicionamento já havia sido tirado em assembleia de curso – nossa posição foi contrária!
  2. O fato de não ter assinado a carta ao Setorial de Ciências Humanas escrita pelos CAs do setor que em todo o seu teor contempla a posição da assembleia de estudantes de Letras da UFPR.
  3. O fato de o membro representante do CAL ter intervido junto à secretaria do Conselho Setorial de Humanas, pedindo que os representantes do DCE (que se encontravam ali para manifestar posição contrária à EBSERH – a mesma que nossa assembleia defende) se retirassem da sessão.
  4. Não participarem do ato do dia 28/08, dia em que estudantes, trabalhadores e professores estavam em luta unificada para defender a saúde pública e a não privatização do nosso HC. Tampouco incitaram debates ou divulgaram informações sobre o tema de modo que os estudantes de letras estivessem atualizados e esclarecidos.
Portanto, solicitamos que, em meios de comunicação oficiais do CAL, a atual gestão esclareça os motivos de tantas omissões dentro de suas atribuições como representates dos estudantes de letras.”

A carta não está assinada nem identificada de qualquer modo, porém, mesmo sem ter a confirmação de que se trata de um manifesto de estudantes do nosso curso, esclarecemos os fatos de nosso ponto de vista.

  1. A referida reunião foi marcada com um dos membros do CAL através do Facebook, tendo a data sido estabelecida no dia 24 de agosto, um domingo, com reunião a ser realizada no dia 25, segunda-feira, imediatamente na sequência. Mesmo com essa dificuldade, houve mobilização da parte do Centro Acadêmico para participar da reunião no horário marcado mas esta não aconteceu. A reunião só se deu duas horas depois. Secundariamente, é importante ressaltar que este Centro Acadêmico já fez diversos esforços para reunir-se com os outros CAs do Setor de Humanas a fim de estabelecer a representação no Conselho, porém todas as tentativas foram frustradas pelo desinteresse destes, que aliás não participam das reuniões setoriais. Ressalte-se aqui que o texto da nota fala em uma “posição da bancada estudantil” e que nós, da gestão “Vem ni mim, Bakhtin!” não compactuamos com bancadas ou quaisquer formações de uniformizações de ideologia. Mikhail Bakhtin deixou-nos em sua obra que nenhum texto é composto por uma voz sozinha. Somos vozes e falamos coisas diferentes, não somos um corpo estudantil com uma só cabeça. Para além, já tendo sido estabelecida a posição dos alunos de Letras e já tendo eles um representante ativo da referida plenária, a reunião não adicionaria nada para a efetiva representatividade dos alunos de Letras.
  2. A referida carta foi redigida na reunião do tópico anterior, sem a presença de representantes do CAL. Além disso, a redação não foi discutida com a Direção do Centro Acadêmico, muito menos com os alunos. Colocamos a necessidade dessa discussão por conta do tom assumido na carta: não se tratava de uma proposta defendida, mas de uma vociferação de consequências e culpas antecipadas. A não participação regular dos outros CAs nas reuniões faz com que o restante dos conselheiros duvide da capacidade da representação estudantil, e isso só é agravado por uma declaração que não se propõe a dialogar com o Conselho, mas induzi-lo a escolher um lado. Ilustro minha afirmativa com a passagem a seguir:
    “Este setor e seus conselheiros, caso não reavaliem a forma como o debate está sendo posto, e se porventura aprovarem a adesão a tal Empresa, estarão reafirmando a ilegitimidade desse espaço e jogando a pá de cal na autonomia universitária, abaixando a cabeça como leais servos daquilo que há de mais perverso, que é a submissão dos serviços públicos aos interesses de grandes grupos empresariais, como os planos de saúde e provedores de equipamentos e materiais hospitalares.
    Diante de tal contexto, somos obrigados a alarmar de que se insistirem nessa nefasta medida, estarão manchando seus mandatos como conselheiros, se colocando no lixo da História, isto é, no lugar de algozes da população, dos entreguistas.”
    Temos que lembrar que, por mais que estejam sendo feitas diversas manobras anti-democráticas no processo de implementação da EBSERH, nós não devemos deixar nossa integridade e nossos princípios em favor de uma luta. Não somos guerreiros selvagens que pegam em espadas, somos pensadores humanistas e, no máximo, administradores.
  3. O Conselho Setorial funciona atendendo a normativas da Universidade. A referida sessão estava sendo realizada em regime fechado, com possibilidade de convidados da mesa. A presença dos alunos Ricardo Peixoto e Lawrence Estivalet não estava prevista para nenhum dos conselheiros e portanto qualquer um ali poderia se negar a participar da sessão por esse motivo. A sessão poderia, inclusive, ser invalidada e a discussão feita na plenária anterior seria inútil, uma vez que não haveria uma posição definida para o SCH levar ao Conselho Universitário. Dito isso, é importante deixar claro que a colocação “o fato do membro representante do CAL ter intervido junto à secretaria do Conselho Setorial de Humanas, pedindo que os representantes do DCE (…) se retirassem da sessão.” se trata de uma acusação falsa: não houve intervenção por parte do membro do CAL junto à secretaria do SCH, mas sim o contrário. O conselheiro pediu aos membros do DCE que se retirassem após um pedido da secretaria. Antecipando o argumento da representatividade do DCE, é importante citar aqui que o DCE havia sido convidado pela Direção do Setor de Ciências Humanas para participar da plenária anterior, porém nenhum membro deste se fez presente. Além disso, o CAL lutar pela presença dos membros do DCE ali sem as devidas formalidades representaria uma oposição aos métodos da Direção do SCH, que é valida como postura política, porém APENAS se aprovada pelos alunos que o CAL representa. A maneira como temos nos posicionado com relação ao processo de implementação da EBSERH é a maneira que nos é inerentemente autorizada pelos alunos: a conformidade com os processos da Universidade que são pautados em democracia. Nossa reiterada participação em todas as instâncias administrativas referentes ao curso e a implementação de um CRHE ativo demonstra nosso compromisso com a representação dos alunos de Letras e seus interesses. A posição manifesta em Assembleia foi afirmada pelo voto do conselheiro apontado pelo CAL em favor da manutenção da resolução do COUN que não autorizava a adesão à EBSERH. Em nenhum momento o CAL deixou de ser fiel a esta decisão.
  4. Mais uma vez, as maneiras de se lutar pelos interesses dos estudantes não se restringe ao modus operandi do DCE. Essa gestão não pretende barrar processos democráticos, uma vez que nosso princípio é o diálogo. Diálogo este que fizemos com os alunos na Assembleia de Letras que definiu a posição do Centro Acadêmico em relação à EBSERH e fomos firmes a ele. A participação no ato da dia 28/08, porém, seria válida e teria acontecido se os alunos tivessem se manifestado em favor, mas não havendo a iniciativa está fora de nossa alçada declarar apoio a manobras arriscadas e consideradas agressivas por muitos. É importante lembrar que um de nossos professores, o atual vice-coordenador de nosso curso, foi agredido verbalmente neste ato. Compactuar com toda a demonstração de violência seria compactuar com a agressão cometida a nosso professor (agressão esta que foi lamentada no conselho setorial de Humanas da semana seguinte, sem a participação de qualquer um dos representantes discentes que estavam no conselho anterior além do representante do CAL). Mais além, debates com os estudantes foram incitados pelo CAL com o projeto “Com Todas as Letras” iniciado em 2014. O projeto foi abandonado pois o primeiro encontro – com o tema EBSERH – não teve qualquer participante.

Há de se deixar bem claro que quando os interesses do DCE e de nosso alunos estiverem alinhados, daremos nosso total apoio. Porém, é para os alunos de Letras que fazemos nossa gestão, não para o DCE ou para os outros Centros Acadêmicos.

Saudações polifônicas,
Rodrigo Fiorese Braga - assíduo conselheiro do CAL junto ao Setor de Ciências Humanas
Gestão "Vem ni mim, Bakhtin!"

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