sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Carta do estudante

Carta do graduando Aion Roloff ao coletivo dos estudantes de Letras e a atual gestão do Centro Acadêmico de Letras - Vem ni min Bakhtin

Esta carta aberta vai endereçada à graduação de Letras, com o objetivo de ser lida na assembleia geral dos estudantes de Letras do dia 3 de Setembro de 2014, e vai assinada pelo aluno Aion Roloff (GRR20127595), aluno do sexto período da graduação em Letras, com o objetivo de promover uma reflexão sobre os posicionamentos políticos dentro do curso.
Ingressei nessa graduação no ano de 2012, e quando cheguei, de pronto notei um distanciamento - seja por parte dos meus colegas ou dos meus veteranos - com a nossa representação estudantil, o CAL - Centro Acadêmico de Letras, a única coisa que eu tive contato naquele inicio (não participei do trote) foram algumas palestras em que a galera que estava na gestão se apresentou e explicou o que era o CAL e como ele funcionava. Basicamente foi isso.
O que vi ao longo do semestre subsequente foi uma ausência de representação estudantil, reuniões existiam, mas não eram divulgadas, conversávamos (nós, os calouros da época) manifestando o interesse em ter mochilas do curso, mas não obtivemos resultados, tanto que a minha turma de calouros do espanhol se organizou de maneira independente e acabou encomendando uma mochila do curso. Não é minha intenção apontar o dedo à ninguém, mesmo aquela gestão presente em 2012, esteve de algum modo se fazendo ouvir e aparecendo.
No ano seguinte, as coisas pioraram um pouquinho, uma nova gestão do CAL assumiu (com uma eleição de pasmem, algo por volta de 65 votantes, confesso não me recordar dos números oficiais), e essa gestão acabou intensificando ainda mais a ausência de representação estudantil dentro do curso. Conforme ouvi do professor Caetano - que inclusive relata na atual edição do Boca do Inferno - que passou por uma situação parecida em sua graduação.
A intensificação da ausência de representação se deu de tal maneira, que em certo ponto (também, não me lembro muito bem quando) aquela gestão do CA precisou declarar vacância de seus cargos (visto que o estatuto hierárquico, não permitia que quem estivesse em cargos menores como coordenações, ascendesse à cargos superiores, como a presidência), ou seja, seja por falta de engajamento, seja por qualquer outra razão, aquela gestão acabou enfrentando problemas, a ponto de que acabou por se desfazer. Levamos 3 meses nisso, até a situação toda se esclarecer, e finalmente uma nova gestão tentar resolver o que estava acontecendo.
De novo friso que não quero apontar o dedo pra ninguém, todos nós enfrentamos problemas, e conciliar uma graduação e uma representação estudantil, não me parece nem um pouco fácil. O fato é, que naquele imbróglio todo, o curso de Letras pedia uma representação estudantil, os nossos departamentos o DELEM e o DELIN estavam prestes a se separar, e a graduação simplesmente não pode nem opinar a respeito, devido a ausência do CAL, ou de assembleias gerais que pelo menos discutissem todas essas coisas.
Antes da atual gestão assumir o CA, tivemos uma gestão "tapa-buraco" que preparou o terreno para as coisas que se seguiram. A Vem ni mim Bakthin assumiu - mesmo sem o quorum minimo previsto no estatuto, no entanto a assembleia geral - orgão máximo dentro da representação estudantil do CAL, conforme também prevê o estatuto - acabou por aprovar a eleição, tornando legitima a presença da atual gestão no CA. O que se seguiu, foi o oposto do que eu vi no meu tempo do calouro, é claro que atual gestão fez coisas erradas? Óbvio que sim, por favor, seria ingenuidade da minha parte - ou de qualquer pessoa - pensar o contrário, no entanto, a gestão comprou as brigas, e o que eu vi foi uma gestão que tentou se engajar, e fez coisas relevantes ao curso, tornou o CRHE (do qual eu faço parte) uma realidade, tão grande, que hoje ele vem se organizando de maneira independente, tivemos a primeira festa de Letras no DCE, em pelo menos dois anos (desde que eu entrei, foi a primeira) em que conseguimos uma boa arrecadação de verba para um centro acadêmico que não a tinha, a gestão também esteve presente no movimento o Pátio é nosso e
conseguiu reativar o jornal Boca do Inferno, que devido a tudo que aconteceu acabou por não ser publicado, além disso tudo, a atual gestão - junto com todo o resto do curso, através de pelo menos três assembleias gerais promoveu a reformulação do estatuto do CAL, uma grande vitória, essa sim fazendo uma grande diferença no futuro desta graduação.
Eu que estive acompanhando tudo desde que a chapa assumiu, também por vezes cobrei diversas coisas deles, e sempre fui bem recebido. As reuniões da gestão que eu julgava serem a portas fechadas acabaram por ser abertas, e conforme eles prometiam na campanha, tudo era resolvido na esfera do diálogo, nada mais natural considerando que a gestão adotou o nome do teórico Bakthin, e quem me conhece sabe que eu sou um grande entusiasta do diálogo. Entre erros e acertos, a atual gestão surpreendeu até mesmo os professores, que ficaram em sua maioria felizes em ver o poder da representação estudantil.
Encerro essa carta, não só elogiando o posicionamento da atual gestão, mas esperando que num futuro (nem tão distante) eu possa observar que os estudantes de Letras, se interessam sim por politica e que nós temos sim que nos posicionar frente àquilo que acaba por nos afetar dentro ou fora da universidade. Termino essa carta, elogiando a gestão, que conseguiu fazer o CAL ser visto, algo que parecia não vir acontecendo em gestões anteriores. Gostaria de aproveitar para lembrar de uma frase que vi no facebook: "Para apontar erros, sobra mãos, na hora de fazer cadê essas mãos?" É interessante notar que essas mãos existiram durante um ano inteiro e como sou otimista, torço para que elas continuem existindo, afinal o CAL é composto sim por uma diretoria, mas não devemos esquecer que ele - conforme o próprio estatuto declara - é composto por todos os alunos de Letras regularmente matriculados na graduação. Justamente por isso, devemos sempre esquecer os problemas pessoais entre um e outro, focar que estamos todos no mesmo barco e de certa maneira temos os mesmos interesses. O CAL somos todos nós.

Saudações,
Aion Roloff.

Nenhum comentário: